Diante de um universo de modalidades e nomes que, normalmente, não dizem muita coisa, é fundamental que o estudante se informe o máximo possível antes de escolher uma pós-graduação. Se, por exemplo, você ouviu falar que nos Estados Unidos existem cursos generalistas com nível de mestrado voltados para profissionais de negócios e que são chamados de MBA, não tente fazer um no Brasil.
MBA e especialização são a mesma coisa?
Calma! Não estamos menosprezando o ensino brasileiro. Embora em número pequeno, para a demanda existente no país, até temos bons programas de pós-graduação voltados para a área de Administração e Negócios por aqui. Mas é que a sigla MBA ganhou um sentido um tanto diferente ao chegar às terras tupiniquins.
Concebido nos Estados Unidos no fim do século 19, quando a Administração começava a ser tratada cientificamente, o Master of Business Administration (em português, algo como Mestrado em Administração de Negócios), vulgo MBA, é um curso amplo e que exige muito dos alunos, pois se estende por todos os subcampos da área. As aulas são em tempo integral e exigem dedicação exclusiva, no caso do formato full-time, o mais comum nos EUA e que não dá chance ao estudante de fazer outra coisa a não ser estudar. Já o chamado part-time é mais leve e dá espaço para quem cursa trabalhar ao mesmo tempo em que estuda.
No Brasil, o MBA se aproxima mais do que chamamos de Especialização. Inclusive, é isso o que está na lei. Ambos são classificados pelo Conselho Nacional de Educação como lato sensu. Ou seja, os dois são cursos focados no aperfeiçoamento profissional em uma área específica e têm duração média de um ano e meio.
"No mercado brasileiro (o MBA) começou a aparecer e esse nome foi usado de forma que ficou muito difícil diferenciar da especialização", explica o professor Alberto Luiz Albertin, coordenador dos programas de pós-graduação da FGV/EAESP – Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas.
Há, no entanto, pequenas diferenças. "É muito importante ter bem claro que o MBA é um curso com uma importante componente generalista. Já os cursos de especialização devem focar uma especialidade bem definida", afirma o professor James Wright, diretor de curso e coordenador do MBA da FIA – Fundação Instituto de Administração.
Outra ressalva é feita por Heliomar Quaresma, presidente do BI – Business Institute. "Os MBAs se diferenciam pelo nível de aprofundamento teórico e prático, intensificando a interação mercado / teoria / troca de experiências", afirma.
A Anamba – Associação Nacional de MBA, inclusive, tem estabelecido padrões diferenciados para os cursos no Brasil, no sentido de diferenciar o formato das especializações comuns. Entre as exigências estão, por exemplo, a necessidade de uma carga horária mínima de 480 horas e o preenchimento de, no mínimo, 360 h/aula com disciplinas específicas da área de negócios.
Veja a matéria na revista Administradores:
Questões legais
Os cursos lato sensu em geral não precisam de autorização nem reconhecimento do Ministério da Educação para funcionar. Mas as instituições têm de ser autorizadas a oferecê-los e ainda atender a requisitos mínimos exigidos pelo MEC.
As pós-graduações lato sensu são válidas para provas de títulos de concursos e seleções de emprego, pois constituem um nível acima da graduação, e, desde que se enquadrem nas exigências do MEC, têm validade nacional.
No caso dos MBAs e especializações a distância, é importante verificar, antes de se matricular, se a instituição que oferece é credenciada pela União para essa modalidade de ensino.
Stricto Sensu
Outra categoria de pós é a stricto sensu, que engloba os cursos de Mestrado e Doutorado e, normalmente, é voltada, no caso da Administração, para quem quer se dedicar à carreira acadêmica. A exceção é o Mestrado Profissional, formato que se aproxima muito do MBA americano e tem um viés mais mercadológico.
Os cursos stricto sensu precisam de autorização, reconhecimento e renovação do reconhecimento mediante avaliação da Capes - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, que, a cada três anos, avalia todos os programas credenciados do país.
"No Brasil, para quem quer seguir carreira no mercado, vale a pena fazer o mestrado profissional, porque, em algumas escolas, vai ser muito parecido com o MBA (americano). Nas instituições em que o curso é parecido com o acadêmico, pode ser desestimulante. O acadêmico só é indicado pra quem quer mesmo seguir carreira de professor", afirma Paulo Prochno, docente da Escola de Negócios da Universidade de Maryland/EUA.
Prochno avalia positivamente a qualidade dos alunos e professores nos cursos de mestrado e doutorado do Brasil, mas acredita que ainda existem barreiras institucionais. "No Brasil, os números ainda são pequenos. Há poucas instituições que oferecem mestrados e doutorados acadêmicos em Administração. É um problema a formação de 'grupinhos' de professores, causado pelo baixo número de profissionais formados, e formados pelas mesmas poucas escolas", diz o professor.
Fonte: http://www.administradores.com.br/informe-se/noticias-academicas/tudo-que-voce-precisa-saber-sobre-pos-graduacao-em-administracao/42636/
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